A Viola da Terra é dos instrumentos musicais populares, mais antigo, de que se tenha conhecimento, no Arquipélago dos Açores e terá chegado no Séc. XV com os primeiros povoadores. O isolamento das ilhas açorianas fruto da descontinuidade geográfica permitiu à Viola da Terra adquirir características diferenciadas de ilha para ilha, tais como: O número de cordas (de arame) e parcelas, a afinação, a técnica de execução e diferenças organológicas – a boca em formato de dois corações, redonda, oval ou lira; o braço raso ou em ressalto e a pá com cravelhal ou leque, diferenças que refletem a singularidade da relação do homem com o objeto na atividade cultural e nas relações sociais-dinâmicas.
Ao longo da história a função agregadora da Viola em lugares, arraias, ajuntamentos populares como matanças do porco, festas religiosas (Foliões nas Festas em Honra do Divino Espirito Santo; Cantar às Estrelas; Cantar ao Menino no Natal) ou de teor etnográfico como ranchos folclóricos, que se juntavam para cantar em todas essas ocasiões, fazia-se sentir e continua ainda hoje.
Aliás, foi o papel que desempenhou e continua a desempenhar nas manifestações culturais e sociais e religiosas que lhe deu uma enorme importância, fazendo parte do dote do noivo e repousando durante o dia sobre a cama, embelezando o quarto com os seus motivos embutidos. Os tocadores eram detentores de um estatuto social diferenciador e transmitiam o seu saber de modo informal.
Hoje em dia, ensinar a tocar Viola da Terra não é apenas uma forma de garantir tocadores ou a continuidade, é também o garante de honrar o saber ancestral de gerações passadas. Em algumas publicações são também feitas descrições, em como a própria Viola e/ou o seu tocador eram objeto de despique em cantigas. Viola e tocador como um só!
Tornou-se, então, importante aliar a modalidade de ensino informal à necessidade de institucionalizar, regulamentar, em todos os sentidos, como forma de auto preservação da cultura enquanto parte da identidade do povo e do instrumento. Essa forma foi encontrada integrando o ensino de Viola da Terra no Conservatório Regional de Ponta Delgada, em regime de curso livre, passando em 2017/18 a ser reconhecido em todas as escolas de Ensino Artístico da Região ao nível do ensino Secundário.
Outra das formas de preservação é através do incentivo à construção do próprio instrumento que se quer fiel a especificações e modelos que a enquadrem em parâmetros que obedecem às características exatas da Viola da Terra dos Açores e para tal necessitamos das mãos ágeis dos Artesãos Certificados Açorianos. Violas da Terra – Açores, é desde 2024, o primeiro produto artesanal com Indicação Geográfica nos Açores.
Terminando com uma frase do famoso tocador Rafael Costa Carvalho – “Partilhar, questionar, aprender e ensinar um instrumento que não se ensinava… aprendia-se!” e ousadamente acrescentamos…constrói-se…porque este saber fazer artesanal também foi passando de geração em geração.
Aqui pode perceber como aplicar o logotipo criado para
a marca Violas da Terra – Açores.